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Quasar canta e dança o amor

Aos 50 anos de idade e na 26ª coreografia que dirige da Quasar Cia. de Dança, Henrique Rodovalho quis dialogar com o público sobre o amor, por meio de seus expressivos movimentos. Entrentanto, não fala apenas daquele clichê idealizado e romântico, e sim da complexidade dos relacionamentos atuais. Foi assim que surgiu Sobre Isto, Meu Corpo Não Cansa, que estará em cartaz, hoje, amanhã e domingo, no Teatro Goiânia.

Para este espetáculo, que estreou em dezembro do ano passado em São Paulo e fez algumas apresentações em Goiânia no mesmo mês, a Quasar novamente surpreende. Ao lançar o olhar sobre o grandioso sentimento, a companhia inova em não trazer apenas seus famosos movimentos intensos. Desta vez, Rodovalho resolveu misturá-los a uma coreografia mais minimalista e contemplativa.

“São oito bailarinos que parecem multiplicar-se. Quis fazer a coreografia mais sutil, com leveza e sensibilidade. Às vezes temos quantidade mínima de passos. As vezes é rápida. Isto foi um desafio. Não sei se tem a ver com minha idade, esta coisa de desacelerar, mas estou curtindo muito”, revela o coreógrafo também sereno.

As variações de intensidade na coreografia possuem função pontual no espetáculo. É através delas que os dançarinos discutem, o que mais lhes chama atenção nos relacionamentos atuais: a multiplicidade. “Hoje, cada um tem sua maneira de se relacionar: as pessoas se conhecem pela internet, casais moram em casas separadas, há casamento entre homem e homem, mulher e mulher, trans com trans”, analisa o coreográfo. Por isso, outro fator que fica bem claro nos passos contemporâneos dos grupo é a defesa da diversidade. “Quis defender também o respeito pelas diferenças e a importância de cada um achar sua tribo e ser feliz nela”, explica Henrique Rodovalho.

CANTORAS

Na busca por canções que dessem voz aos amores e romances modernos, Henrique Rodovalho conta que chegou a três jovens cantoras muito atuais: Mallu Magalhães, Tulipa Ruiz e Clarice Falcão. Porém, o coreógrafo adianta que a intenção não é contemplar apenas o universo feminino. As artistas foram escolhidas porque cada uma canta, a seu modo, a verdade particular sobre o amor.

Conforme Rodovalho, enquanto Clarice Falcão, que também é uma famosa humorista na internet, encara o sentimento de forma neurótica e cômica, Mallu incensa um romantismo poético, mas com realismo e sem ser piegas. Já o lado passional, fugaz e avassalador presentes em alguns relacionamentos são representados pela música multifacetada de Tulipa Ruiz.

“São elas, as mulheres de hoje, que mesmo dentro de suas fragilidades têm essa consciência, essa força, tanto do pensamento quanto da palavra. É estimulante coreografar em cima dessas músicas e o quão de novas possibilidades de movimentos elas permitem”, explica Rodovalho.

QUASAR CANTA

A relação da Quasar com a música não é novidade, já que produções, das quais canções são integrantes ativas do espetáculo, já foram vistas em Só Tinha de Ser Com Você, que tem como tema o disco Elis e Tom, gravado em 1974. Porém, em Sobre Isto, Meu Corpo não Cansa, a companhia ousa ainda mais nesta relação, pois, além de utilizar o corpo, também se manifesta cantando.

Em alguns momentos, o próprio Rodovalho entra em cena e interpreta algumas canções ao som de um violão tocado por ele mesmo. Um destes momentos, o coreógrafo diz ser quando o grupo irá interpretar o clássico Billy Jean, de Michael – única exceção do repetório composto pelo trio feminino. “Nesta parte entramos bem livres no palco, não iremos fazer aquela coreografia famosa, mas sim dançaremos e cantaremos de forma bem solta”, adianta o coreógrafo.

FIGURINO E ILUMINAÇÃO

Toda cenografia, iluminação e figurino foi desenvolvida para reiterar a discussão sobre os amores ilustrados no espetáculo. Assinados pelo próprio Rodovalho, a luz e o cenário servem de apoio para a relação existente entre a coreografia e a música, numa performance que se alia à cor.

“No decorrer do espetáculo, o azul claro torna-se vermelho, numa poética de amores que ficam mais intensos com o tempo, assim como a cenografia, com grandes cortinas transparentes que revelam o que há por trás do teatro e toda sua intimidade”, comenta.

Já o figurino foi minuciosamente elaborado de acordo com as batidas e os movimentos do corpo. De acordo com a figurinista Ludmilla Castro, foi uma proposta casual clean dentro do estilo minimalista com linhas retas e uma leve assimetria. “As cores mudam de acordo com que o espetáculo acontece. Inicia-se com cores mais claras, começa a ter uma atmosfera de mais intimidade e toques amorosos, partindo então para uma transição sutil de preto e branco e encerra com o preto quando a relação se torna mais intensa e agressiva, expressando a força total do amor e dos movimentos que não se cansam”, explica.

NA ESTRADA

Sobre Isto, Meu Corpo Não Cansa é a primeira apresentação do ano da Quasar. Pelo caráter universal com que passa sua mensagem, a companhia, segundo Rodovalho, já se prepara para, assim como diversos espetáculos do grupo, fazer turnês nacionais e internacionais. Ainda neste semestre, a obra segue para o Fórum Internacional de Dança de São Paulo, em São José do Rio Preto.

Sempre acompanhada por seus famosos espetáculos mais antigos, a companhia começa o ano cheia de compromissos. Ainda neste semestre, a Quasar reapresenta o espetáculo No Singular no Encontro de Danças do Vale do Aço (Endança), em Ipatinga (MG). Já em abril, chega com a peça Só Tinha de Ser com Você no Sesc Belo Horizonte. Em maio, será a vez do grupo exibir novamente o espetáculo No Singular, na abertura da Semana Cultural da Universidade de Santa Catarina (UFSC).

Fonte : http://www.dm.com.br/cidades/centro-oeste/2015/03/quasar-canta-e-danca-o-amor.html